“Como entrar na bolsa?” Ou dicas para iniciantes no investimento em ações.

Se você está entrando, ou quer entrar, na bolsa de valores para diversificar, aprimorar ou iniciar seus investimentos, este post servirá como um guia para explicar, o que eu acredito ser, a melhor maneira de entrar na bolsa de valores, mitigando riscos e os custos envolvidos.

Imagine um jovem de 18 anos que está aprendendo a dirigir. Aonde ele vai levar o carro para praticar a direção? Na rodovia mais movimentada que corta a cidade ou na rua tranquila e deserta do bairro perto de casa? É claro que qualquer um nesta situação escolheria a segunda opção, pois o risco é menor.

Da mesma forma, se você está iniciando na bolsa, deve buscar opções que proporcionem menor risco, como se fosse um motorista iniciante. Diversificar é um dos grandes trunfos que o investidor pode utilizar para diminuir os riscos do investimento em ações.

Créditos da imagem: http://www.solidez.com.br/

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Assim como o motorista não vai aprender se não dirigir, o investidor também não vai aprender se não investir. Assim como o motorista iniciante deve procurar a via menos movimentada para diminuir os riscos, o investidor iniciante também deve buscar a diversificação para diluir os riscos. A maneira mais fácil de fazer isso em bolsa, para o pequeno investidor, é através da aplicação em fundos de índice, os chamados ETF’s. Através de um ETF, o iniciante em bolsa pode comprar dezenas de ações executando uma única operação.

Se você não sabe o que é um ETF, vou me dar ao luxo de não me estender no assunto e apenas recomendar alguns links para que você conheça estes ótimos produtos de investimento, como a página dos ETF’s no site da Bovespa e o excelente artigo escrito por Henrique Carvalho, do HC Investimentos.

Agora que você já sabe o que é um ETF, pode estar querendo questionar: “Mas dessa forma o investidor iniciante estará colocando o seu dinheiro em um fundo e não em ações individuais.” A grande sacada é que os ETF’s têm suas cotas negociadas em bolsa da mesma forma que as ações. Portanto, além de começar de uma forma menos arriscada, o iniciante também tem a oportunidade de se familiarizar no mercado e com as ferramentas de investimento em ações, homebroker, book de ofertas, envio de ordens e tudo mais. O essencial é começar devagar e sem afobações, exatamente como se faz quando se está aprendendo a dirigir. Após a familiarização com os métodos de investimento em bolsa de valores, o investidor pode partir para o investimento em ações individuais, se assim desejar e se estiver se sentindo seguro para isto.

Porém, existem desvantagens. A principal delas é que com ETF não há isenção do IR de 15% como acontece nas ações individuais, sobre o lucro. Para o investidor iniciante, porém, a diluição do risco quase sempre valerá mais a pena do que perder eventuais 15% sobre os ganhos. O bilionário Luiz Barsi, por exemplo, em entrevista ao portal Infomoney, afirmou acreditar que

Quem investe em fundos passivos que apenas seguem o Ibovespa sem fazer uma análise dos melhores papéis é um perdedor nato da bolsa.

No meu ponto de vista, não são todos que tem o dom de escolher os melhores papéis, e portanto, a diversificação através deste tipo de fundo pode ser uma grande aliada. Melhor comprar papéis de diversas empresas, algumas delas sendo ruins, do que comprar poucos papéis e acabar descobrindo que todos eles, ou a maioria, acabaram se mostrando ruins também.

Não se pode esquecer, porém, que qualquer aplicação nestes fundos de índice também está sujeita à volatilidade típica deste tipo de investimento. Portanto, é extremamente necessário que sejam feitas compras regulares, visando minimizar ainda mais os riscos. Esta regularidade deve ser escolhida de acordo com o que for melhor para o investidor, o ideal é que as compras sejam feitas mensalmente, porém, não é errado efetuar as operações bimestralmente ou trimestralmente, por exemplo. Estas últimas opções podem ser interessantes para mitigar os custos operacionais do investimento em bolsa, composto por corretagens e taxa de custódia. Você pode escolher a opção que for mais confortável para você, e levar em conta os custos de sua corretora para definir uma estratégia de limitação da porcentagem dos custos sobre o montante aplicado. Uma abordagem que pode ser tomada é começar definindo que não irá gastar com taxas mais que 2% do montante investido em cada operação e buscar, ao longo do tempo, atingir um limite de 0,5% por exemplo, o que já seria ótimo. Para corretoras que isentam o investidor de pagar a taxa de custódia se forem feitas ao menos uma operação no mês (existem diversas que adotam esta condição) seria mais interessante efetuar compras mensais para se beneficiar da isenção, enquanto que o investidor que estiver totalmente livre da taxa de custódia pode aguardar dois ou três meses para aportar um valor maior e diluir os custos com a taxa de corretagem. Ao diminuir os custos das suas aplicações, você automaticamente está diminuindo o risco, afinal, quanto mais você paga, menos você recebe.

Se você já possui um bom capital acumulado e quer iniciar na bolsa, não entre de uma vez só. Divida o montante em pequenas porções e faça aportes regulares mensais (aqui você pode novamente se aproveitar das condições de isenção de custódia das corretoras), pois ao entrar de uma só vez você pode acabar escolhendo o momento errado e amargar um grande prejuízo.

E qual é, então, o melhor momento para entrar na bolsa?  Bem, pode ser hoje, mês que vem, e no próximo, e depois no próximo novamente. O que importa é adotar uma política de regularidade nos investimentos, e é aí que os iniciantes (quase) sempre pecam. Eu diria que, se você sabe ou desconfia que não vai conseguir adotar uma estratégia regular de aplicações, a bolsa não é lugar para você, melhor procurar outra opção menos volátil.

Agora, uma curiosidade: você sabia que, se corrigido pela LFT (título do Tesouro Direto que persegue a taxa SELIC), o índice iBovespa, recentemente, chegou muito perto da mínima atingida na desesperadora crise de 2008? É o que mostra um levantamento do professor Jurandir Macedo.

Ibovespa-x-CDI-Base

Comparativo da evolução de R$100 investidos em LFT e no iBovespa no fundo do poço da crise de 2008. Créditos da imagem: http://www.jurandirmacedo.com.br

Este tipo de estudo evidencia ainda mais as oportunidades que uma crise proporcionam. Conseguirá se aproveitar das mesmas aquele que investir com resiliência, disciplina e regularidade.

Para finalizar, vale ressaltar que os ETF’s não são recomendação exclusiva para pequenos investidores, na verdade, estes papéis são reconhecidos como ótimas ferramentas de investimento e largamente utilizados por uma gama de investidores qualificados.

Resumindo

Para começar na bolsa de valores minimizando os riscos deste tipo de aplicação, o investidor iniciante pode:

1.  Aplicar em fundos de indíce, os ETF’s;

2. Efetuar operações regulares de compra deste tipo de fundo ; e

3. Buscar mitigar os custos com taxas e corretagens.

A partir daí, estando inserindo no mercado, a curva de aprendizado do investidor tenderá a aumentar cada vez mais, juntamente com os rendimentos.

6 comentários sobre ““Como entrar na bolsa?” Ou dicas para iniciantes no investimento em ações.

  1. Olá Guru, excelente post!

    Controlar os riscos é uma das atividades mais difíceis de se fazer em Bolsa. Mas, com conhecimento e técnica, é possível ter ótimos resultados com as ações.

    Abç e obrigado pela citação do blog!

    • Muito obrigado Guilherme,

      É justamente pela afobação inicial e falta de controle sobre os riscos que muitos investidores acabam entrando e saindo da bolsa para nunca mais voltar. Acredito que seguir esta estratégia diminuiria este efeito. O problema é que nunca se ouvirá algo do tipo da boca dos “conselheiros” das corretoras, que são normalmente buscados pelos investidores iniciantes para auxílio.

  2. Excelente Guro,
    Defendo os ETFs inclusive para os investidores mais experientes. São uma excelente forma de diversificar. Para quem tem pouco dinheiro e deseja investir em ações considero mais vantajoso que ações individuais.

    Obrigado pela citação do meu artigo.

    Abraço!

    • Obrigado Jônatas,

      Também defendo os ETFs para qualquer tipo de investidor proteger um pouco mais sua carteira. Como não temos o talento nato do Luiz Barsi, podemos “fugir” da recomendação dele. O essencial é reconhecer isto, qualquer investimento vai ter suas vantagens e desvantagens, o segredo é descobrir o que melhor se aplica para realidade de cada um.

      Abraço!

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